terça-feira, 24 de abril de 2007

A eterna dúvida

Certa vez eu parei perto de um bar bem longe daqui,
Se não for engano meu,
Eu pedi uma pinga com mel de pequi.
Nem me lembro se fui só pra tomar aquilo,
Ou se estava mesmo disposto a curtir.

Olhei pra todos os cantos
E reparei num bêbado ali do meu lado.
Se não me engano ele estava em pé,
Ou será que estava sentado?
Só me lembro que ele recitava uma poesia,
Com charme de menino apaixonado.

Acho que pedi outra dose
Daquilo que estava tomando,
E o bêbado ali do meu lado
Continuava recitando.
Talvez eu não tivesse nada melhor pra fazer
Ou estivesse realmente gostando.

Acho que ele falava de amor,
Talvez de um amor que ali mesmo nasceu.
Ou então poderia ser
De um amor que ali se perdeu.
Mas se não for engano meu,
Talvez eu estava o tempo todo ali sozinho
E aquele bêbado era eu.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

No alto do ato


De um pulo fez o ato,

e do alto quase caí,

quem pode ter medo de um alto,

quando o chão está por um salto,

e com muito pouco caso,

resolvi por resolver,

que uma pergunta só é interrogação,

se uma exclamação puder responder..

terça-feira, 17 de abril de 2007

Se sêsse de lá


Se eu fizesse e "sêsse" um pouco do que eu queria ser,

eu faria e seria esse ser que um dia eu achei que fosse,

mas não me deram espaço, e como um capaxo me deram um molde pronto,

sem escolha me agarrei e tentei fugir,

mas como fugir do molde que eu me agarrei e eu mesmo me prendi?

tentando ser muito acabei sendo pouco do que eu sonhei,

e junto do meu sonho o tempo se foi,

e eu que quis tanto que fosse, acabei por ser quase nada..

mas é sempre assim,

moldes de sonhos interrompidos,

felicidades programadas,

não ser, crescer, sem ver, adoecer e morrer.

Moldaram o infinito e calaram assim o meu grito,

meio esquisito eu sorrir,

sorriso cansado pra desmentir,

a minha vontade de chorar ao cantar aqui, ali, "alto lá"

pra que querer me enganar e ainda assim acreditar,

que se "sessê" de lá,

mais feliz eu iria estar,

achei bonito e ainda que esquisito,

eu resolvi por mudar,

ai se eu "sêsse" de lá..

domingo, 15 de abril de 2007

Pelas barbas de Netuno


Pelas barbas de Netuno,

Pelo Cigagarro que eu fumo,

Por todas as voltas do mundo,

E por todos os porquês

Que não ousei responder,

Direi que juro.

Pela mãe, pelo pai, pelo espiríto santo,

Por tudo que creio por enquanto

E por todas as dúvidas

A que não dei ouvido,

Direi que duvido.

Pela uz, mesmo cara, que brilha

Pela estrela que cintila,
Pela terra em que se pisa,

E por todas as águas

Em que por nado me afoguei,

Direi que mudei.

Pelos meus cabelos brancos,

Por ter tomado meus trancos.

Por este sentimento manco,

E pelas tantas coisas

Que não cheguei a aprender,

Hoje digo que não sei.

quinta-feira, 12 de abril de 2007


O arranha-céu de vidro
Por que o raciocínio
Os músculos e os ossos?
A automação, ócio dourado.
O cérebro eletrônico, o músculo
Mecânico
Mais fáceis que um sorriso.
Por que o coração?
O de metal não tornará o homem
Mais cordial,
Dando-lhe um ritmo extracorporal?
Por que levantar o braço
Para colher o fruto?
A máquina o fará por nós.
Por que labutar no campo, na cidade?
A máquina o fará por nós.
Por que pensar, imaginar?
A máquina o fará por nós.
Por que fazer um poema?
A maquina o fará por nós.
Por que subir a escada de Jacó?
A maquina o fará por nós.
Ó máquina, orai por nós.

Cassiano Ricardo

terça-feira, 3 de abril de 2007

De amanhã pra trás


E se o dia de amanhã que esperamos tanto não chegasse, será que o dia de hoje seria mais uma espera do dia de ontem?vivemos em função de algo novo desconhecido e que insistimos em querer programar, moldar as nossas vontades..sempre pensando " o dia de amanhã será melhor que o de hoje.."e quem nos deu essa garantia? onde estaria escrito que o amanhã será tão bom assim?porque pedimos tanto e fazemos tão pouco pra que isso possa vim acontecer..é. o ser humano poderia viver um dia de cada vez pensando no retrogrado, esse sim..podemos tomar conclusões falar com alguma pouca certeza, esse nós já vivemos e experimentamos o seu gosto..mas teimam em dizer que quem vive do passado é só o museu, e quem vive de futuro? profeta? precavido? preocupado? não, não, esquecido da vida! o tempo é o momento em que estamos..ou o momento é o tempo que nos acompanha?o pensamento é um tempo sem fim..e o hoje é so uma nostalgia do que vivemos ontem.deixa que o amanhã fale por si só..ou será que o tempo não dará tempo?

segunda-feira, 2 de abril de 2007

De Mim para Eu


"Quando gostei de mim de verdade, pude compreender que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa. Então, pude relaxar. Comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma coisa ou alguém que ainda não está preparado, inclusive eu mesmo. Comecei a me livrar de tudo o que não fosse saudável. Isso quer dizer: pessoas, tarefas, crenças e qualquer coisa que me pusesse pra baixo. Minha razão chamou isso de egoísmo. Mas, hoje eu sei que é amor-próprio. Deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer planos. Hoje, faço o que acho certo e no meu próprio ritmo. Como isso é bom! Desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes. Desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Isso me mantêm no presente, que é onde a vida acontece..."